Resumo: Artigo 35735
Os médicos e a Revolta da Vacina ( 5, 10, 36, 50, 57)
Jorge Carreta, PUC Campinas, Brazil.
Apresentação: Wednesday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 210 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 11 - Chair: Lorelai Kury
Abstract.
O objetivo deste trabalho é mostrar como a Revolta da Vacina, ocorrida em 1904, foi vista por alguns representantes da medicina do período. Os debates tiveram lugar nos jornais diários e no Parlamento, enfatizando os aspectos duvidosos acerca do profilático para o combate à varíola. No ano da revolta as discussões sobre a bacteriologia e seus produtos foram particularmente intensas, impulsionadas pelas medidas anunciadas pelo médico Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pública, para conter o avanço das epidemias na cidade do Rio de Janeiro. Mas essas discussões e as polêmicas em torno do conhecimento médico não eram novas, podendo ser encontradas no Brasil desde meados do século XIX. Suponho que a aversão à vacina estava ligada a acontecimentos anteriores à divulgação dos novos regulamentos da Diretoria de Saúde Pública. Como exemplo pode-se citar a controvérsia sobre o uso de soros curativos envolvendo Oswaldo Cruz e os médicos do Instituto de Manguinhos, fundado em 1899 no Rio de Janeiro. Alguns acidentes sorológicos colocaram em dúvida a eficácia desses produtos. Pretendo mostrar que os argumentos de alguns médicos que combatiam a vacinação podem ter sido influenciados pelas idéias do cientista francês Antoine Béchamp, rival de Louis Pasteur no campo da microbiologia. Segundo Béchamp, que negava a teoria microbiana das doenças, os estados doentios advinham de um desequilíbrio do próprio organismo. O mau funcionamento das "microzimas", presentes nas células humanas, poderia causar estados patológicos. Contudo, a condição para isso era a deterioração da saúde do indivíduo, ocasionada pela falta de condições saudáveis para a vida. Estes argumentos podem ser entrevistos nos debates sobre a obrigatoriedade da vacina no Brasil, já que esta era tida por alguns como perigosa, pois poderia inocular o organismo com substâncias tóxicas que alterariam o seu equilíbrio.